E aí? Entrego as chaves ou tranco a porta (de novo)?

Sem título

Assim como tantas outras pessoas, ela foi ferida. Tadinha!

Assim como muitas outras pessoas, ela se trancou para o resto do mundo. Toda covarde.

Quando deixava que alguém se aproximasse, não dava espaço para mais do que algumas casualidades. “Nada de compromisso sério. Não quero.” Capa protetora, sentimentos afogados. Medos (muitos).

Às vezes, ela até achava aquilo errado. Fugir? Não deve ser mesmo certo.

As notificações no celular eram inúmeras, tantos queriam uma chance, sabe? Uma chance de acordar no domingo dela. E ela não tava nem aí. Meia duzia de palavras por educação e só. Deixava pra lá. “Era só mais um cara”.

Muita gente não entendia porque ela insistia em ficar sozinha. “Não acredito em contos de fadas”, ela dizia. “Esse negócio de pessoa certa é balela. Tá todo mundo querendo se divertir, ninguém quer ficar de verdade, então, nem eu.”

Virar as costas era tão mais fácil que ela pegou prática.

É claro que ela perdeu muitos caras extraordinários, permitiu que eles partissem, e, “pior”, nem se arrependeu. Se virava bem. Ela estava exatamente onde queria estar.

Todas as amigas desesperadas para namorar, e ela? Ela, ainda, sem nenhuma ruga de preocupação.

Mas a gente sabe que surpresas acontecem, brotam, nascem, o caem do céu, ainda não sei bem.

Então, uma noite dessas, antes que ela pudesse terminar um sorriso, ele apareceu. A princípio, ela pensou, “nada demais”, aos poucos, porém, a aproximação foi ficando intensa, e ela? Nada entendia.

Naquele momento, só sentia. Hora ou outra, aparece alguém assim. Alguém que faz com que a gente olhe para dentro e pergunte-se: por que não?

o frio na barriga que invade, o medo que confunde, e as sensações, únicas, que já estavam adormecidas, de repente (amo essa combinação), despertam. Um misto. Quente. Com aroma, mãos e coração.

“E aí? Entrego as chaves ou tranco a porta (de novo)?”

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